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quarta-feira, outubro 28, 2009

O paradigma das actividades imobiliárias em Portugal

Ao longo dos anos em que medeio imóveis em Portugal, na minha posição de gestor de empresas minhas ou de terceiros, pude ver uma evolução muito lenta e pobre dos vendedores comissionistas, ora chamados de angariadores imobiliários.

Durante a década de 80, tudo era possível, de um ponto de vista negativo mas com grande criatividade, por parte daqueles que se ofereciam a prestar os seus serviços em vendas de imóveis. Fica-me a imagem do pato bravo com o seu mercedes parqueado à porta do seu prédio novo, juros altíssimos na casa dos 23%, que mais não fazia do que ler o seu jornal e oferecer 50 ou 100 contos a quem lhe trouxesse um cliente... Tudo era arcaico e parado. A empresa de mediação ou simples mediador vendia a alma e poucos podiam comprar.

Era um tempo em que nem a CMOPP (Antigo InCI) nem o IEFP davam valor à formação imobiliária. Riam-se disso e desvalorizavam qualquer tentativa de o fazer...

Os anos 90 trouxeram o Bonificado, a liberalização da banca, os fundos comunitários. Havia uma urgência de gerir o ordenamento urbanístico e territorial, tapar as lacunas jurídicos e consolidar as contas do Estado. Todos deviam ter a sua casa e com isso metamorfosearem-se de sujeito passivo em cliente, como hoje somos chamados...

Nessa época tudo e todos queriam ser vendedores de imóveis: Juízes, porteiras, advogados, polícias, desempregados e empregados... O el doirado estava ao alcance do comum dos mortais...

Hoje em dia os exames do InCI são pouco concorridos. Há espaço para nos sentarmos confortavelmente. E isto denota como mesmo com um regime que estabelece algumas fronteiras mas abre muitas portas, os angariadores imobiliárias realmente não abraçaram um outro padrão senão aquele que vejo há mais de 22 anos.

Muitos, senão quase todos caem no engodo de que vender é um alter-ego em quem depositamos todas as nossas esperanças presentes e futuras.

Mas há uma falha de visão em quem quer exercer a actividade de angariação imobiliária: Saber gerir o seu próprio negócio.

Eu diria que apenas 1% daqueles que se tornam inscritos no InCI sabem gerir a sua actividade como empresários em nome individual de facto. Conto-os pelos dedos.

No entanto, e o que é mais incompreensível, é que ninguém parece ver que esse Instituto soube evoluir e acompanhar quem antes escarneciam - pelo menos enquanto o departamento de Mediação Imobiliária foi liderado pela dra. Alexandra Ribeiro e sua equipa - Acabou por se tornar e funcionou como um "Think Tank" das actividades imobiliárias.

Porque afirmo isto? Porque o regime jurídico por eles redigido é composto de vários componentes que se traduzem numa realidade profissional e gerencial muito eficaz na actividade dos angariadores.

As ferramentas para o sucesso dessa actividade estão lá expostas para quem as quiser ver e usar.

É claro que não basta simplesmente recortar o Decreto_Lei 211/2004 e portarias adjacentes e aplicá-las cegamente.

É necessário um enquadramento profissional. I.é, saber encontrar no mercado e seus nichos os segmentos e os perfis de clientes e interessados que encaixam no modelo proposto pelo InCI; Há que saber se relacionar com as empresas de mediação e os promotores imobiliários. Tudo isto não está directamente na legislação.

Quero com isto tudo dizer que não vale a pena emigrar para Angola porque lá tudo aparentemente é simples e directo (Coisa que não é e nunca foi.); E que as empresas de mediação inteligentes e com futuro necessitam deste novo paradigma por parte dos angariadores - Mais proactivos, independentes e profissionais.

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